terça-feira, 4 de maio de 2010

JORNALISMO E CREDIBILIDADE

"o grupo rac é um exemplo de jornalismo..."

A afirmação acima só podia vir mesmo de dois editores da empresa.

Está no CP de hoje o artigo com o título ao alto, assinado por Rui Mota e Marcelo Pereira, o primeiro editor de opinião e o segundo editor executivo (status de tempo modernos) onde eles afirmam que "o Grupo RAC (o negrito é deles) é exemplo de jornalismo de personalidade amparado em vários veículos e níveis de complementariedade..."

Só esqueceram de dizer o nível dos vários veículos, entre eles, diga-se de passagem, está aquele que denominamos "A Coisa" e que, por eles é chamado de "Já", uma corruptela do verdadeiro nome "Notícias Já" usado assim por já existir (desculpem o trocadilho) um JÀ verdadeiro no sul do país. Esta coisa que jamais deveria ser considerada jornal, infesta as ruas dos bairros periféricos e roda de mão em mão de um público que, com quase nenhuma escolaridade mal sabe ler e se deleita com fotos de famosos ou não em poses ousadas a mostrar bundas e vulvas, principalmente. Como se isto fosse característica de jornal "marcado pela defesa intransigente da verdade, a divulgação de conceitos de civismo e cidadania plenos, na defesa da liberdade e como instrumento político"

Como dizem os editores a rac faz jornalismo de personalidade...do dono!

O próprio CP se mantém vivo graças à falta de concorrência e assim pode, até, se vangloriar por incluir fotos de leitores na coluna Correio do Leitor. A repetição dos mesmos na coluna tem servido muito mais para divulgar nomes de interessados em projeção por anseios políticos eleitoreiros.

Jornalismo de personalidade?

Ha, sim, eles devem estar falando de um O Estado de S. Paulo que tem investido pesado em iniciativas ousadas e criativas no sentido de manter seus leitores e avançar na busca de novos reformulando graficamente cadernos como o "Estadinho" que circula agora em formato de gibi e com conteúdo de "gente grande" ou criando cadernos como "Paladar", "LINK" e "Sábatico". Este último, considerado uma afronta aos tempo modernos, reinsere o jornal em espaço que a maioria refuta, ou seja fomentar o interesse pela leitura nos tempos de finais de semana.

Em contrapartida o CP mantém um tal "Caderno C" sobre rubrica de "cultura e variedades" que, dia após dia mostra como gastar mal dinneiro com tinta e papel. Entre suas proezas está a manutenção de uma coluna social nos moldes do século XIX onde um tido "colunista" com tida circulação liberada nos mais altos meios sociais publica fotos dos "expoentes" e notas tipo: "A coluna soube em primeira mão..." ou "fulana vai ser bombardeada de beijos amanhã quando emplaca idade colorida." Não é lindo?

Não bastasse isto o caderno (diga-se editores e diretores) dispõe espaços nobres para material duvidoso ou no mínimo distanciado da realidade local cuja cobertura só acontece graças ao tradicional jabá "o repórter viajou a convite de quem pediu para escrever" como é o casao da edição de hoje em cuja capa se fala sobre o badalado Festival de Cinema do Recife para o jornalista João Nunes, que agora atua como freela para o jornal e foi cobrir com tudo pago pelos organizadores do Festival. Em troca o jornal cedeu a capa do caderno.

Assim em edição de seis páginas, lá se foi a primeira com assunto que o leitor encontra certamente muito melhor trabalhado em jornais de circulação nacional.
Lá se foi a segunda com um artigo de Arnaldo Jabor que, por ser de agência, está em todos os jornais que a assinam, independente do tamanho, importância ou personalidade do jornal; tem ainda texto assinado por Cristina Fibe, da FolhaPress, de Nova York, com o sugestivo título; "Tribeca premia longa sobre síndrome de Down" que só lendo mesmo para ver quanto o campineiro precisa saber disto; e ainda, na mesma página o enche linguiça de sudoku, cruzadas, e quadrinhos.
Na página três (desmerecendo a importância editorial da página) programação de cinema e um pequeno roteiro de lazer e cultura (o que talvez tenta justificar o C do título do caderno).
Na página quatro, no alto, o já inaguentável José Simão e seu antitucanês e lulês. Depois programação de TV e claro horóscopo.
Na cinco a tal coluna social.
Na última página o caderno esbanja PERSONALIDADE e estampa fotos e texto gigante sobre uma séria norteamericana do canal pago Boomerang, assinado por dois (isto mesmpo, dois) jornalista da Agência Estado radicados em Los Angeles. E no pé uma foto de Ethan Peck, que o título identifica como "Neto de Gregory Peck atrai as atenções". Vai ser dificil a moçadinha descobrir que é o avô do bonitinho e por fim na coluna "em resumo", cinco notas: duas nacionais e três internacionais todas assinada pela FolhaPress.

Pergunta aos editores:

A que personalidade eles se referem no texto do artigo afinal?