domingo, 22 de janeiro de 2012

JORNALISMO NÃO É MARKETING

QUANDO A ASSESSORIA DE IMPRENSA DEIXA DE FAZER JORNALISMO PARA MARKETEAR

O jornalista Ricardo Alécio, que ainda assina a coluna "Xeque-Mate", do jornal Correio Popular de Campinas/SP, na edição de hoje, atribui à sua colega também jornalista e diretora de Comunicação da Prefeitura, Monica Monteiro, a responsabilidade por ação de marketing.

A informação está em nota com dois tópicos com os títulos "Olho..." e "...no marketing" respectivamente onde ele diz que a jornalista "...deu o pontapé inicial a um projeto que tem como objetivo valorizar a imagem do prefeito Pedro Serafim usando notas em colunas sociais de jornais, revistas e internet..."

De pronto sou obrigado a me posicionar radicalmente contra qualquer jornalista que busque com seu trabalho apenas a valorização da imagem de quem quer que seja. Como está no título: Jornalismo não é marketing.

Não vou entrar no mérito da veracidade da nota, até porque em coluna o titular escreve o que quer. E ainda que a jornalista Monica Monteiro a desminta, vai ficar o dito pelo não dito. Sendo assim, verdade ou mentira do colunista, não importa muito. O que importa é a conceituação atribuida ao trabalho da jornalista da Prefeitura explicitada na titulação das notas.

Dizer que a jornalista está de "Olho...no marketing" é o mesmo (pelo menos para mim - e olha que lá vai quase 40 anos de jornalismo) que dizer que ela não está fazendo jornalismo e sim marketing. Não faz muito tempo, chamar um jornalista de "marketeiro" era coisa para briga feia.

Há uma verdade aí que não pode ser negada. Já faz também algum tempo que os jornalista que atuam em assessoria de imprensa se acharam no direito de defender com unhas e dentes (quando não outras armas) o seu assessorado muitas vezes, inclusive, sem saber se ele está certo ou errado e em algumas muitas mesmo estando ele errado.

Nos órgãos públicos então esta postura se disseminou aos quatro quantos de todos os poderes em todas as esferas. E quanto mais poderoso o assessorado, mais poderoso porta-voz e defensor se faz o assessor.

O problema é que Monica Monteiro, ou fosse lá quem fosse, não tem muita alternativa diante do abacaxi que decidiu aceitar descascar. Pedro Serafim mal é prefeito, pelas próprias circunstâncias em que chegou ao cargo e, por isso mesmo, não pode fazer muito. É aí que entra o assessor de imprensa jornalista ou marketeiro. Se jornalista, não vai divulgar nada, pois o prefeito não está fazendo nada. Se jornalista/marketeiro vai tentar melhorar a imagem do chefe. E aí, vai se afundar junto comm ele...

Ivy Lee, o pai das relações públicas, era jornalista e foi o primeiro a brir um escritório de relações públicas em Nova Yorque e teve como um dos clientes John Rockefeller Jr, dono da Colorado Fuel an Iron Co.
Seu lema era: "O POVO DEVE SER INFORMADO" e seu princípios:

“Este não é um Departamento de Imprensa secreto. Todo nosso trabalho é feito às claras. Pretendemos divulgar notícias, e não distribuir anúncios. Se acharem que o nosso assunto ficaria melhor como matéria paga, não o publiquem. Nossa informação é exata. Maiores pormenores sobre qualquer questão serão dados prontamente e qualquer redator interessado será auxiliado, com o máximo prazer, na verificação direta de qualquer declaração de fato. Em resumo, nossos planos, com absoluta franqueza, para o bem das empresas e das instituições públicas, é divulgar à imprensa e ao público dos Estados Unidos, pronta e exatamente informações relativas a assuntos com valor e interesse para o público”

Em suma, se a assessoria de imprensa da prefeitura levar em consideração o lema e os princípios de Ivy Lee, talvez não seja necessário "um projeto que tem como objetivo valorizar a imagem do prefeito" e que permita ser chamado de marketeiro por quem quer que seja.

O PÚBLICO QUER SER INFORMADO!

ABRA AS PORTAS AOS JORNALISTAS!