segunda-feira, 10 de agosto de 2009

RESULTADO DA "ESPECIAL" DO CORREIO POPULAR EM BRASÍLIA...

...A REVOLTA DE UM ESTUDANTE E UMA FAXINEIRA!

Tem algumas coisas no jornalismo daqui desta terra que a gente não consegue mesmo entender.

O "jornalão" local, quer porque quer, mostrar que vai além das nossas fronteiras. Nesta vã tentativa enviou repórter a Brasília. Sob rubrica de "reportagem especial" a chamada de capa foi ilustrada por uma foto de Diada Sampaio, da Agência Estado; como título: "Olhar sobre o furacão Senado"; na linha fina: "Correio visita a Casa e constata clima constrangedor" e no texto indentificou o autor da matéria: Venceslau Borlina e misturou informação da Agência Estado com informação do seu repórter... (Os negritos são do original)

Na página B4-Brasil o título "Caos instalado abala o poder" tem tudo a ver com com a situação resultante do trabalho jornalístico de "O Estado de S. Paulo" e praticamente nada com o que o repórter diz que viu por lá. A foto ilustrativa da matéria é assinada por Marcelo Casa Jr., da Agência Brasil e mostra senadores comportadamente sentados acompanhando um pronunciamento que ninguém sabe quando foi.

O texto da "especial" é cheio de "achismos". Logo no início, diz que "é quinta-feira e começa a sessão legislativa do Senado Federal". Nem a data e hora da sessão presenciada são informadas. Quem a preside e a mesa e que a compõe, também não. O número da sessão, pelo menos, teria ajudado, mas nada.

Na sequência, o leitor atento, deve pensar que o repórter é vidente. "Nos televisores dos gabinetes dos senadores e nas repartições administrativas, o Vídeo Show da Tv Globo, dá espaço à transmissão ao vivo da TV Senado". Só os Senadores são em 81. Estariam mesmo todos os televisores dos gabinetes (e mais os das repartições) sintonizados no Vídeo Show, como o repórter quer nos fazer crer. Pode ser, mas pode ser não é jornalismo. Bastaria ter identificado um gabinete e uma repartição só para tornar a descrição mais fiel e portanto mais crível.

Segue o barco: "E quando menos se espera alguém de dentro da sala dispara: "Começou o circo". Dito assim fica fácil. Mas o repórter não estava na sala? Não viu quem "disparou"? Ainda que não soubesse o nome poderia descrever o dito cujo: aparência, traje e localização na sala... Só isto tornaria sua descrição mais fiel e portanto mais crível.

E vamos que vamos: "Não demora muito e, no plenário, já começa o bate boca entre os senadores. Acusações vexatórias envolvendo denúncias pessoais financiadas com o dinheiro público vêm à tona sem se pensar nas consequências". Mas nem um nominho de senador, do entre vírgulas no plenário, nobre colega repórter? "Denúncias pessoais finaciadas com o dinheiro público". Perdão nobre colega repórter mas eu nunca vi uma "denuncia financiada com dinheiro público"... Se presenciou, nobre colega repórter, poderia ter explicado ao leitor, não? "...sem se pensar nas consequências." Que conclusão é esta nobre colega repórter? Podemos até dizer que muitas das esperadas consequências das denúncias não se concretizam, para o bem ou para o mal. Mas pensar e expressar este pensamento em matéria jornalística assinada, nobre colega repórter, que senador denunciante não pensa nas consequências, ou é levianismo, ou desconhecimento do jogo político.

E vai: "O circo, ao qual um dos funcionários de referia, está armado. As luzes se acendem, as atenções se voltam para o picadeiro e o espetáculo (re)começa. Essa é apenas uma das reações explícitas dentro do Senado Federal em tempos de crise política - uma das maiores já vistas no Congresso Nacional". A reação à qual o nobre colega repórter se refere foi explicitada por quem? Não cara de quem estava explícita? Na fala de quem? Que circo é este? Que luzes, picadeiro e espetáculo são estes? Quem deu o direito ao repórter para analogias depreciativas ao Senado Federal e resultantes de seu próprio modo de pensar, em texto jornalítico informativo de uma reportagem?

"...O avacalhamento é geral inclusive entre os senadores. A casa que já foi sinônimo de nobreza e palco de relevantes discussões, agora amarga um escândalo atrás do outro. No centro desses escândalos está seu representane maior, o senador José Sarney (PMDB-AP)... é acusado pela existência dos chamados atos secretos (nomeações de servidores em comissão sem publicação oficial)..." Quem são estes senadores que avacalham o Senado, nobre colega repórter? Uns dois nomes pelo menos que o nobre colega repórter pode citar? Generalizar não. Se a idéia aqui era situar o leitor, mencionar que a denúncia foi feita inicialmente pelo jornal "O Estado de S. Paulo", não custava nada.

"...Pelos corrredores da Casa, a expressão que se vê no rosto de cada cidadão é de repulsa. Até parece que o Senado Federal se tornou um grande lixão. Mas há também os sentimentos de desconforto, indignação, lamentação e envergonhamento. O que seria motivo de orgulho, tornou-se decepção geral para a Nação." O depoimento que segue o texto do nobre colega repórter não expressou nada do que ele apontou no parágrafo acima. "Esperava que as coisas não fossem assim tão evidentes. Éstranho ver os senadores eleitos...", disse o estudante Thiago Linhares, de 17 anos, que acompanhava a visita monitorada ao Senado. "É estranho", disse ele e não que sentia repulsa, desconforto, indignação, lamentação ou envergonhamento, então... E esta expressão "decepção geral da Nação, nobre colega repórter? Deve ser cópia da célebre frase do "Dia do Fico". Generalizou novamente, ruim isto.

"...Em cada canto da Casa é possível ver senadores conversando de forma secreta. Parecem articular ações que daqui a pouco vão ganhar as manchetes de todos os noticiários brasileiros..." Conversando de forma secreta? Não teria sido melhor nobre colega repórter, confabulando? Afina, se é secreta... Como o nobre colega repórter chegou à conclusão que parecem articular ações que ganharão as manchetes? Bola de cristal?

"...Nas reuniões das comissões, que acontecem diariamente, a toda hora, o assunto em pauta é debatido, mas as atenções...estão voltadas para os desdobramentos da crise". O nobre colega repórter esteve em Brasília e acompanhou quantas reuniões de comissões que acontecem diariamente e a toda hora? Podia ter citado uma só para tornar o texto mais fiel e portanto mais crível.

"... Entre alguns senadores, há uma vontade uma vontade de retomar as relevantes discussões do passado distante, mas uma grande maioria insiste em discutir as denúncias, com o claro objetivo de avacalhar, de ridivularizar e, o que é pior, sem grandes possibilidades de punição..." O nobre colega repórter não podia ter citado/ouvido pelo menos um senador com vontade de retomar as relevantes questões do passado; e pelo menos dois (a grande maioria) que só querem avacalhar e ridicularizar? Mais uma vez, como o nobre colega repórter chegou à conclusão do "que é pior, sem grandes possibilidades de punição? O depoimento que segue o texto destacado acima, "Vai acabar tudo em pizza", não merecia sequer ser citado, afinal, quem o disse, segundo o nobre colega repórter, foi "a servente da empresa contratada pelo Senado para a limpeza geral". Um bom editor exigiria, no mínimo, provas de que o repórter conversou mesmo com a servente. Vai ver ela e a empresa contratada para a limpeza geral devem estar nos "atos secretos" do Sarney. Espero que o leitor do Correio Popular não confunda esta tal "limpeza geral" mencionada pelo nobre golega repórter.

Já lá no fim do texto, o nobre colega repórter mostra que foi a Brasília para, no plenário, lembrar o que aconteceu ali na semana passada:"...Mas, se de um lado tem senadores querendo o fim e a punição certa, há outros que parecem querer é confusão. Prova disto foram os debates travados no plenários nesta semana passada. No centro das discussões estão principalmente senadores como Arthur Virgilio PSDB-AM), Tasso Jeressati (PSDB-CE), Renan Calheiros (PMDB-AL), Fernando Collor de Mello (PTB-AL) e Pedro Simon (PMDB-RS)..." Então quem quer confusão são, principalmente, os cinco senadores citados nobre golega repórter? E quais são os que querem o fim (do que) e a punição (para quem) certa?

o último parágrafo: "...A semana foi difícil, confessam os senadores. Mas e as próximas? Diante de instabilidade, fica difícil saber até quando perdurará essa situação. Enquanto isso, as apostas estão abertas para descobrir sobre qual (ou quais) motivo interessaria tanta confusão, tanta desordem. Aos cidadãos, com certeza não". A confissão dos senadores, nobre colega repórter, lhe foi feita ao pé d'ouvido individualmente ou por aclamação no próprio plenário? E já que eles disseram que a semana foi difícil, ficou difícil para o nobre golega repórter saber até quando PERDURARÁ a situação. E apesar de dizer que as apostas estão abertas, não sei se os leitores do CP serão capazes de entender que devem apostar para "descobrir sobre qual motivo interessara tanta confusão, tanta desordem." Sobre qual motivo interessaria nobre colega repórter? Dê seu palpite para os apostadores.

O texto acaba mas uma nota no pé indica: "Leia mais sobre o Senado pa página B5". É a página seguinte e o texo informativo andamentos de projetos relevantes é assinado pela Agência Estado. Ao final do texto há a frase do senador Paulo Paim(PT-RS) dita ao repórter da AE: "Chegamos ao fundo do poço. Temos de sair disso, voltar a trabalhar" e com a qual o Correio Popular "enriqueceu" a chamada de capa sobre a "especial" do repórter Vescelau Borlina, sem nenhuma menção ao senador petista.

Assim, mais constrangedor que o clima do senado pseudo-constatado pelo Correio é ver um veículo jornalístico enviar repórter à capital do país não para dizer o que disse,
mas para não dizer.

A confusão é TANTA que vale perguntar: O que este repórter foi fazer de ESPECIAL em Brasília?

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