quarta-feira, 21 de outubro de 2009

CONFECOM E A QUESTÃO DOS 'PEQUENOS' E A VERBA PÚBLICA

O PERCENTUAL ESTÁ GARANTIDO. FAÇA-SE A LEI

Ainda que possamos e até devêssemos aplaudir enfaticamente a realização da 1a. Confecom - Conferência Nacional da Comunicação, não posso negar que estou cético quanto a possibilidade real de resultados significativos em benefício daqueles que mais esperam deste evento. Nem é preciso falar aqui que, de certa forma, o trabalho para chegar à fase nacional em Brasília em dezembro com disputa na base de unhas e dentes para estar lá como um representante oficial poderia ser evitado caso o governo Lula tivesse mesmo interesse em modificar para melhor a comunicação no país. Bastava, e muitos já o disseram, seguir a vizinha Argentina, onde Cristina Kirchner comandou uma reforma autenticamente democrática e vanguardista.

DO GENÉRICO PARA O ESPECÍFICO

Aqui em Campinas/SP, cidade que tem prefeito do PDT governando com amplo apoio político onde se inclui o próprio PT de Lula. A organização do encontro local, realizado no sábado dia 16 deste mês na Câmara Municipal visando discutir a comunicação no município e tirar decisões para envio à fase estadual em São Paulo, deixou muito a desejar. Uma comissão organizadora capitaneada pelo secretário de comunicação da prefeitura Francisco de Lagos foi formada às pressas e, da mesma forma, durante uma semana no máximo, seus integrantes tentaram, como uma pífia campanha de divulgação com enfio de algumas mensagens eletrônicas, chamar a comunidade para discutir o assunto. Os 250 participantes, boa parte estudantes de jornalismo afoitos em saber o rumo do diploma, foram saldados efusivamente e, apesar da insignificância do contingente, o número foi considerado pelos organizadores como muito positivo.

Com posição assumida sobre o evento por acreditar que "quando um não quer 250 não brigam" ou seja, como está dito acima, se Lula quisesse mesmo ele já teria assumido o comando da luta como está assumindo outras, decidi não participar da fase local. Como distante mas atento observador estou tranquilo ao tomar a liberdade de fazer considerações o que aconteceu na Câmara de Campinas, nos dias 15 e 16. Sim dois dias porque toda comissão organizadora que se preze precisa fazer uma sessão solene pós abertura do evento com o credenciamento dos participantes. Assim, na noite de sexta-feira, o jornalista Global Caco Barcelos fez a palestra de abertura. Na divulgação de que seria ele o lisonjeado com a abertura nenhuma explicação do por que ele. O que afinal Caco Barcelo - sem entrar no mérito profissional do colega - pode falar sobre a comunicação em Campinas? Nada. Afinal ele nunca a praticou aqui.

Assim, a abertura solene serviu mais para massagear o ego da comissão organizadora cujo comandante é um publicitário e as jovenzinhas jornalistas que acorreram à Câmara em busca de autógrafos do palestrante. Novamente sou forçado a dizer que também não vou entrar no mérito do conteúdo da palestra do colega. Desta forma, da sessão solene e credenciamento nada resta a dizer.

No sábado, o período da manhã ficou reservado para algumas apresentações que deveriam versar sobre os temas básicos. De quem esteve lá ouvi que entre estas falas, esteve a do Diretor de Jornalismo da RAC - Rede Anhanguera de Comunicação, que monopoliza o jornalismo impresso na cidade e já põe unhas e garras sobre audiovisual e internet, o jornalista Nelson Homem de Mello, por mais de 40 minutos, a fazer apologia dos veículos da casa que dirige e que lhe paga os vencimentos. Reagindo ousadia do diretor da RAC, jornalistas presentes editores de jornais alternativos cobram da mesa coordenadora dos trabalhos, presidida por Francisco Lagos - o secretário de comunicação da prefeitura - o mesmo direito. Em resposta teria restado apenas as reprimendas peculiares ao secretário publicitário.

O período da tarde ficou reservado para discussões em grupo. Novamente, por participantes fico sabendo que salvaram o período os eterno "carregadores de piano". Sim porque os ilustres nestas horas têm mais o que fazer. Então o secretário de comunicação da prefeitura não participou dos grupos de debate? Nem o Caco Barcelos? Nem o diretor da rede que monopoliza o jornalismo impresso na cidade? Nenhum diretor ou jornalistas das TVs que atuam no município? Como? Quem discutiu a comunicação na cidade então? simples os eternos "carregadores de piano", como a diretoria do sindicato, alguns representantes de entidades afins, alguns editores de jornais alternativos e alguns estudantes. Este é o típico final de todo evento/congresso/conferência/encontro dos quais já participei nestes meus 30 anos de jornalismo e cito como referência o I ENJAI - Encontro Nacional dos Jornalistas de Assessoria de Imprensa, realizado em Brasília em 1984, cuja bodas de prata é hoje celebrada pela categoria que conseguiu mudar o nome do evento para ENJAC - Encontro Nacional de Jornalista em Assessorias de Comunicação, mas não conseguiu mudar em nada a situação do profissional.

Então os lordes não participaram das decisões. Problema deles digo eu. Espero que os colegas presentes tenham a dignidade de apresentar as proposições aprovadas apenas para a devida chancela dos ausentes. Quem não foi, aceita o veredicto. Claro que aqui me incluo. Gostaria muito de ver Francisco Lagos secretário de comunicação da prefeitura, Silvino Godoy da RAC e José Bonifácio da Empresa Paulista de Televisão assinando a "Carta de Campinas" da Confecom Municipal com o percentual de 40% das verbas públicas para a comunicação sendo destinados aos "pequenos". É preciso que isto fique bem claro. O poder municipal da hora, e os patrões que apuseram a logomarca de suas empresas no banner de divulgação do evento, estão de perfeito acordo com as reivindicações a serem encaminhadas à Conferência Estadual de São Paulo, onde se destaca a reserva de 40% da verba gasta pela prefeitura com publicidade oficial sendo destinada aos alternativos.

Aí eu pergunto? Se a prefeitura através de seu representante legal o secretário da comunicação Francisco Lagos esteve lá e concorda com os 40%, se as empresas de comunicação rádio, jornais, tvs e internet estiveram ou não estiveram lá e concordam com os 40%, por que esperar pela estadual e pela nacional.

Que Campinas mostre ao país como se faz para avançar democraticamente nos problemas da comunicação. Que o executivo envie à Câmara Municipal um Projeto de Lei com um único artigo: Esta Lei prevê a destinação de 40% da verba publicitária oficial utilizada pela Prefeitura, para os veículos considerados 'pequenos', 'alternativos', 'comunitários' oficialmente estabelecidos no município de Campinas".

Não tenho a menor dúvida que, com uma Lei desta aprovada antes da realização da Conferência Nacional em Brasília em dezembro o panorama daquele evento será outro. Da mesma forma que o prefeito Hélio de Oliveira terá sua figura política avantajada ainda mais sobre por quem ele jura lutar com seu slogan de governo; "primeiro os que mais precisam" e até mesmo sobre o governo Lula e todo cenário nacional.

Fica aqui minha colaboração à distancia para o a Confecom-Campinas não termine lamentavelmente como outros tantos eventos do tipo.

À Lei. E cumpra-se!

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