domingo, 11 de outubro de 2009

EDITOR DO CORREIO POPULAR AGE PIOR QUE O SENADO ARGENTINO

"NA CALADA DA NOITE, SENADO APROVA NOVA LEI DA MÍDIA"

Se o título "Na madrugada, Senado aprova no lei da mídia", viesse estampado como manchete da página B7, da edição do Correio Popular de hoje, sobre a nova Lei da Mídia aprovada pelo Senado argentino, da forma como o estruturei no meu sub título acima, o editor Paulo Martinelli (e provável autor do título original) haveria de ser muito mais coerente consigo mesmo.

A gana dele em condenar a aprovação do projeto em texto informativo o fez cometer deslize que considero igual ou pior aos que usam o subterfúgio da "calada da noite" para o que quer que seja.

Ao abrir o título com o aposto, "Na madrugada," usado como todos sabem para reforçar/destacar no texto uma determinada situação, ele explicitou ainda que subliminarmente a sua vontade de dizer "Na calada da noite..."

Felizmente ou infelizmente dois motivos o impediram e acredito que, capaz como ele é profissionalmente e bom conhecedor de política, caso contrário não seria editor, deve ter se lembradisso na hora de titular.

PRIMEIRO MOTIVO - No contexto profissional, o texto jornalístico caracterizado como INFORMATIVO não deve e não pode ser eivado pelo mínimo de OPINIÃO de quem escreve sobre o FATO. Assim, "Na calada da noite" escancaria a todos os leitores o posicionamento do editor em pleno título de matéria factual. Usando "Na madrugada," ele justifica o termo com o fato da votação final ter mesmo ocorrido de madrugada: 2;30 da madrugada de ontem. Mas, como sempre tem um "mas", diz a técnica de redação da língua e a segue assim também corretamente a jornalística, que as frase devem ser compostas por: sujeito, verbo e predicado e assim, nesta ordem. Assim como publica o próprio Correio Popular na sua chamada de capa; "Senado argentino(sujeito)aprova(verbo/ação)projeto da lei de midía (predicado)". E aí está o mais puro exemplo de título factual/informativo, isento. Podemos alterar esta ordem? Claro que podemos, mas há de ter motivos para justificar a alteração. E qual foi o motivo que levou o editor Paulo Martinelli a alterar a ordem construtiva, recomendada pela gramática da lígua portuguesa e pelas técnicas jornalísticas que ele aprendeu durante anos na faculdade, de uma frase usada como título em manchete de assunto de importância para o povo argentino, para os sulamericanos e até mesmo para o mundo? Por que ele deu esta imensa força à expressão "Na madrugada," tornando o aposto, criteriosamente virgulado, em primeiro elemento da estrutura textual quando deveria ser o último e poderia até ser suprimido, como no caso da chamada de capa? Bem, isto só ele mesmo pode responder...

SEGUNDO MOTIVO - No contexto político, e o editor sabe muito bem disso, Argentina não é Brasil. É Argentina. Podemos encaçapar os carsa no futebol o resto da vida, mas, politicamente vamos ter que viver como alunos ainda por um bom tempo. Então, o que quero dizer com isso? Quero dizer que o editor Paulo Martinelli não deveria nunca ter insinuado com sua expressão "Na madrugada," aposta em primeiro plano, que a votação e aprovação se deu "Na calada da noite", sob condições escusas, com plenário do Senado esvaziado por manobras da situação ou oposição. Não dá para aceitar mesmo. Na Argentina não. Aqui? bem... Mas lá a coisa é diferente. E só aconteceu de madruga (eu prefiro assim 'de madrugada', como de dia, de noite...) porque o assunto rendeu 16 horas de discussão entre senadores favoráveis e contrários a nova Lei. E com a Casa cheia. Precisa ser dito que dos 72 senadores argentinos, 68 estavam presentes à votação. Não temos notícia dos outro quatro, se ausentes ou se abstiveram de votar. Então, foi na madrugada? Foi sim. Mas porque os representantes do povo gastaram todos os seus argumentos, contra e a favor da proposta, em sessão que começou às 9 horas da manhã lá. Por isso, não cabia e não cabe o pretencioso "Na calada da noite" mesmo que subliminarmente passado pelo editor com o seu aposto virgulado "Na madrugada," puxando o título da manchete da página de Mundo do Correio Popular de hoje.

MINHA OPINIÃO: Os Kirchners fizeram lá o que o Lula e o PT não tiveram, não têm e nem vão ter coragem de fazer. Acabar com o monopólio da comunicação. Tenho certeza que o colega Paulo Martinelli deve ter ficado um tanto quanto frustrado ao ver a cobertura do Estadão para o mesmo tema. Literalmente contrário também à Lei aprovada lá, os editores do Estadão vazaram pelo ladrão. Preferiram enfatizar o fato de que o governo argentino ganhou força sobre a midia. E é verdade, inconteste. Mas ressaltou, (olha o meu aposto aqui) com profissionalismo, (aliás dois apostos) que a lei foi "aprovada com folga" em sua linha fina sob o título/manchete de cinco colunas da página A16. Mais ainda, o jornalão mostra em quadro quem ganah e quem perde com a nova lei: "O principal perdedor é o Grupo Clarín, maior empresa de mídia do país" - "Ganham os sindicatos e grupos empresarias menores ligados aos Kirchners". E diante disso pergunto que lei pode ser criticada quando favorece a maioria em detrimento da minoria (única e absoluta)?.

CONCLUSÃO:
1 - Paulo Martinelli, perdão, mas sua deslizada na manteiga argentina foi brutal.
2 - Salve argentinos que avançaram em questão crucial hoje no mundo: a comunicação.
3 - Ave Lula, acorda. Enquanto a Argentina explode o monopólio com apoio do Senado e do povo, nós aqui capengamos, a duras penas, para organizar uma Conferência Nacional de Comunicação, a tal Confecom, ouvindo desde o porteiro da rádio Caracatunfuro no mais remoto município brasileiro, para, nos moldes organizacionais do velho PT, discutir em trê ou quatro dias o que todo mundo já está cansado de discutir para decidir pelo que todo mundo já sabe: Fim ao mopólio da comunicação no Brasil e democratização do uso de verbas públicas na comunicação. Uma Lei de dois artigos e o Brasil seria outro no dia seguinte. Depois discutiríamos o resto.

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