domingo, 5 de abril de 2009

A IMPORTÂNCIA DO DIPLOMA DE JORNALISTA

EDITAR É DOM OU TÉCNICA A SER APRENDIDA?






















Na verdade o post não tem a finalidade de discutir a indiscutível importância do diploma para o exercício profissional de jornalista mas mostrar que o ofício não é mesmo para qualquer um (a tal história de que basta saber escrever). E as vezes até mesmo para quem tem diploma.

VAMOS AO EXEMPLO: QUALQUER CONSEGUE EDITAR UMA REVISTA?
O ilustrativo, evidentemente, será uma publicação com a qual estamos acostumados por nos ser próxima, a Revista Metrópole, encartada aos domingos no jornal Correio Popular de Campinas/SP. Mais especificamente sua edição de hoje.

Na capa, enriquecida por verniz UV (ultra violeta), está um casal de bonitos e gostosos manjadíssimo de Campinas. Eles islutram matéria sobre sexo todo dia é bom, faz "bem para a pele".

Muito bem, tudo mundo sabe que a revista Metrópole é um poço de futilidade onde o foco é ressaltar o bom, bonito e gostoso. Portanto o casal é a imagem perfeita para a capa da edição que tem como matéria principal "o sexo todo dia". O cara é dono de uma academia de ginástica e portanto malhadasso; ela a mulher dele, loira, linda e bem cuidada. Continua tudo perfeito, uma capa linda com gente linda e gostosa.

PRIMEIRO ESCORREGÃO
Todo mundo que faz faculdade de jornalismo sabe que a capa é o chamariz para a matéria principal e que nesta matéria lá dentro o foco da capa deve ser o que abre a matéria. Então tecnicamente o certo seria a matéria ser aberta com o casal de bonitos e gostosos da capa. Certo? Certo! Mas não pára a Metrópole que tem preocupação com estética e que se dane a técnica jornalística.

Aí a edição do material interno privilegiou na abertura um casal cujo estereótipo, genericamente falando, não se encaixa entre bonitos e gostosos. E tanto não se encaixa que não está na capa. E por que então a matéria foi aberta com um casal literalmente discrepante do casal da capa? Arrisca ser porque aceitou ser fotogrado na cama do casal, expondo uma certa intimidade, até na presença do cãozinho junto deles na cama e demonstrando que é ali onde se concretiza o "todo dia é dia" da manchete da capa.

Mas e o belo casal da capa? Bem, ele só vai aparecer lá no final da matéria com os dois de calças jeans em áreas de lazer de um imóvel (presumivelmente o deles) com poses muito mais para galã e mocinha de telenovela global do que para matéria sobre sexo todo dia. De ousado, apenas uma foto de um "meio selinho". E por que estão no fim da matéria em traje e locais que não remetem nem de longe a "todo dia é dia"?
Arrisca ser porque o casal não aceitou se mostrar mais intimamente como o outro, afinal são quem são. Ele, inclusive, em reflexão expllicitada no texto, contraria a manchete "todo dia é dia" dizendo: "...Até porque não é todo dia que um casal estará afinado ou conseguirá de desligar..."

ALGUÉM USA XAMPU DURANTE O SEXO?
Pois é a questão não está sendo levantada para apontar preferências sexuais de ninguém, mas para mostrar que quando a edição não bem feita (seja por incompetência ou por ingerência externa)o leitor (pelo menos os que tem um pouco mais de massa cinzenta) e até mesmo a personagem da matéria pode se sentir confuso ou constrangido e porque não dizer até meio "sacaneado" ela edição.

Vamos explicar: a capa da revista, já dissemos, mostra o casal de bonitos e gostosos em pose de artistas na foto sob a manchete: "Todo dia é dia - casais confirmam os benefícios reais de fazer sexo com mais frequência, mesmo que a atividade, no início, seja só uma tentativa de salvar o casamento" colocada no pe da página. Um pouco mais no alto, à direita da capa, duas outras chamadas (uma sobre exposição de sapatos e outra sobre exposiçaõ de arquitetura) chamam a atenção do leitor para o conteúdo. Até aí nada de mais.

O de mais, porém, esta na chamada de capa do jornal Correio Popular. É preciso lembrar o leitor do jornal que há uma revista lá dentro do jornal. E a chamada, logo abaixo do logotipo do jornal, bem à margem esquerda, esta lá. É ilustrada por um pedaço da capa reduzida da revista e, PASMEM, seguinte texto: Beleza/Páginas 28 a 32 - Xampus e os seus segredos"

Isto mesmo. O belo casal que ilustrou a matéria sobre "todo dia é dia" de sexo virou ilustração de matéria de xampu que nem mesmo na capa da revista está contemplada. O lado masculino do casal de belos e gostosos, PASMEM, é careca. Como será que ele deve ter se sentido ao ver o jornal logo cedo com a carecona dele estampada ao lado da mulher em foto acompanhada do texto "Beleza - Xampus e seus segredos"...

A INFLUÊNCIA EXTERNA
Passei os olhos na matéria sobre os segredos dos xampus. De segredo mesmo não vi nada além do já sabidíssimos: secos, oleosos, misto ou normal. Mas de fora vem um "expert" e diz, com a competência de gerente de desenvolvimento de produtos da NATURA que "além de estar atentoaos principais ingredientes na formaulação de um xampu, consumidor precisa saber o significado de cada item no rótulo".

Simples não. Já imaginou a dona Maria do Jardim Ipaussurama com seu primário incompleto precisando saber o signficado de cada item do rótulo do xampu que ela compra? Há situação no mercado que nem mesmo um bioquímico consegue decifrar o que está lá. E, por outro lado, o que vale mesmo para dona Maria é o preço porque para ela xampu é tudo igual.

POR ISSO, DIPLOMA NELES!
Daí a importância do diploma de jornalista pois ele garante conhecimento suficiente para que o profissional seja capaz de EDITAR corretamente uma revista e evitar o que aqui foi exposto. Relacionar sexo com bonitos e gostosos; xampu com carecas e repassar aos leitores afirmação de especialista como verdadeira seguramente não deve aparecer em nenhum manual de edição.

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